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Vista panorâmica da praça Naghsh-e-Jahan em Isfahan |
Isfahan beneficiou-se grandemente de um moderno planejamento urbano desde o fim da guerra Irã-Iraque nos anos 80. A cidade é bem cuidada, os palácios iluminados à noite e as árvores enfeitadas com luzes, sem nunca deixar de lado a sua reputação de cidade mais esplêndida da Pérsia. Por um período de 100 anos gloriosos do século XVI, Isfahan foi a capital do Irã. Um período em que arte e a arquitetura persa atingiu o ápice de sua realização. O comércio com o mundo ocidental foi crescendo e Shah Abbas recebia muitos estrangeiros em sua corte.
Shah Ismail (1501-1524), o primeiro rei Safávida, foi quem começou a construção de jardins e palácios em Isfahan, e foi o Shah Abbas I (1571-1629) que transformou a cidade no que ela é hoje. Ele mudou a capital para Isfahan por esta ser estrategicamente mais segura do que as ex-capitais de Tabriz e Qazvin, que estavam muito perto do Império Otomano. O centro da cidade durante os tempos dos seljúcidas ficava em torno da mesquita da Sexta-Feira, mas Shah Abbas mudou-a para o Naqsh-e Jahan (Mapa do Mundo), um parque palaciano projetado por Shah Tahmasp (1524-1576). Entre 1589 e 1606 iniciou-se a construção da praça e dos prédios ao seu redor, bem como uma grande avenida chamada Chahar Bagh (Quatro Jardins), que servia para ligar a praça ao rio. Hoje uma grande parte dos jardins, pavilhões e palácios desse período desapareceram, particularmente ao longo das margens do rio Zayandeh.
A grande praça Maidan-e-Imam (anteriormente Praça Real), uma das maiores praças do gênero no mundo, é duas vezes maior que a Praça Vermelha de Moscou. Em torno dela estão algumas das atrações principais da cidade. Nos tempos de Shah Abbas, a praça era utilizada como um campo de pólo: o rei e sua corte se sentavam na varanda do palácio Ali Qapu e assistiam ao jogo, os postes de madeira ainda podem ser vistos em cada extremidade da praça.
A cidade também tem o maior pátio do Irã, cujo centro é ocupado por uma piscina de mármore com bordas enfeitadas, refletindo na água todas os estilos arquitetônicos do Irã, da simplicidade elegante do período Seljúcida (1051-1220), durante o período mongol (1220-1380), ao período Timurida (século XIV a XV), e do barroco do período Safávida até o século XVIII. Ao redor da piscina, carruagens puxadas a cavalo levam os turistas para um passeio romântico ao redor da praça.
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Passeio de carruagem na Maidan-e-Imam |
Os iranianos são orgulhosos desta cidade (apesar de considerarem os isfahanis meio avarentos), e o turismo interno está prosperando. A principal mesquita nesta praça, a Mesquita do Imam, é considerada um dos edifícios mais impressionantes do mundo. A construção começou em 1612 e foi finalmente concluída em 1638, o culminar de mil anos de arquitetura no Irã. É coberta, dentro e fora, por painéis de azulejos azul-turquesa que passaram a representar as mesquitas iranianas. A cúpula principal é de dupla camada e, embora a entrada principal de 30 metros de altura esteja com seus minaretes gêmeos voltados para a praça, a mesquita em si foi construída em um ângulo na direção de Meca. O portal de entrada é um exemplo supremo de estilos de arquitetura Safávida exibindo azulejos suntuosos, caligrafias, emoldurados por estalactites de mosaicos coloridos cuja complexidade deixa qualquer turista de boca aberta. (Resumindo, a mesquita é tão impressionante que vale outro post inteiro só dedicado a ela!) O interior da mesquita também ricamente decorado com azulejos e tem um ar de tranqüilidade que convida o visitante a sentar-se no pátio por toda a eternidade, exceto pelo barulho dos turistas batendo palmas debaixo da cúpula, para ouvir os sete ecos.
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Entrada principal da Mesquita do Imam (Masjid-e-Imam) |
Mesquita Sheikh Lotfallah |
O palácio Ali Qapu é aparentemente grande, mas de delicada estrutura interna (que está sendo cuidadosamente restaurada) e os recortes das paredes em formato de frascos e tigelas tinham como objetivo melhorar a acústica das salas de música. Os músicos ficavam posicionados nestas aberturas nas paredes para que sua música pudesse repercutir em todos os quartos do palácio.
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Sala de música do palácio Ali Qapu |
Além da praça, Isfahan tem outras delícias. As pontes que se estendem sobre o rio Zayandeh contêm pequenas casas de chá tradicionais em seus arcos, um lugar mágico para desfrutar de uma xícara de chá, como o rio fluindo sob seus pés. A ponte Khaju funciona como uma represa: a camada inferior controla o fluxo da água, enquanto o terraço superior é definido com arcos em que ainda pode-se ver as pinturas originais e azulejos. No centro, um pavilhão esplendidamente decorado é o local onde Shah Abbas e seus cortesãos se sentavam para admirar a vista.
Finalmente, quem visitar Isfahan vai perceber que o próprio ar e a água da cidade (como dizem os persas) irá encantá-lo: se juntar aos moradores passeando ao longo do rio no crepúsculo fresco de verão, beber uma xícara de chá quente escuro nas entranhas de uma das pontes, pechinchar uma miniatura Isfahani com um comerciante no bazar, vai fazer você descobrir que uma visita a Isfahan é de enriquecer a alma.
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